Psicodélica


Horror
setembro 29, 2008, 4:22 pm
Filed under: Uncategorized

Prologo

Tarde da noite. Sonho com casebres rusticos a beira de uma movimentada praia. Caliope me espera dentro de um deles, horrizada pelo estado de meus Dread – tenho-os agora, lembro-me – e iria dar um um jeito nesses diabinhos imundos. Caliope se parece muito com Naomie Harris, quando atuava em Piratas do Caribe.

O diabo era aquele som. Nao consigo descreve-lo, mas era como uma torneira aberta sobre um balde, que estava, por desventura do individuo, ao contrario. O sonho desaparece como que soprado por uma brisa, pernacendo no mundo da vigilia apenas o som e a minha estupefacao com o que eu via agora:

Por que diabos o meu companheiro de quarto estava mijando na lixeira, resmungando enquanto o fazia? E, motivo único (achei o acento desses mladitos teclados mexicanos!) pelo meu completo desamparo, era aquilo ali do lado do lixeiro, impotente, indefeso, imovel, irreparavelmente molhado de uréia…

… era o meu sapato?

***

Viajar de ônibus no México é uma experiência um tanto singular. É agradavel, por que as estradas mexicanas nao sao tal qual as brasileiras (mais especificamente as do norte) que foram cuidadosamente planejadas para simularem em seu aspecto o resultado de uma chuva de meteoros, as estradas mexicanas sao planas, lisas e rasgam as enormes e nuas planices do planalto central mexicano, cortando pelas montanhas e desfiladeiros, que sao um espetaculo a parte para aqueles que vao à janela.

Porem, longos periodos confinados numa fuselagem de aluminio amargam à qualquer aisagem. E as nossas viagens intermunicipais e interestaduais nunca duram menos que 4 horas, quando nao chegam a 10 ou 12 horas de incomodo continuo. Nao tenho o mesmo amor pelo pagode paulista que meus companheiros de banda exprimem tocando por horas a fio o cavaco e o rebolo, nem a extraodinaria capacidade de ‘desligar’ que uns e outros apresentam ao conseguir dormir na vertical. Sofro.

E ontem foi o auge dessa serie de inconvenientes automotivos. Depois de uma estafante – e alcoolica – viagem de cerca de 10 horas, proximo de chegarmos ao Plaza de Armas, em Tampico, o Eixo do ônibus, insatisfeito com a vida, resolve gentilmente se tranformar numa formiga. Resultados: O ônibus, igualmente insatisfeito, dá a vigem por encerrada e para de funcionar.

No México as temperaturas variam muito de lugar pra lugar. E especificamente naquele lugar, estava quente. Muito, muito caliente – pois na greve automobilistica do ônibus, juntou-se o ar-condicionado. A perspectiva de esperar um segundo onibus para nos levar do que havia se tornado um pequeno simulacro das ruas de Belém às 14 horas sem sombra.

A sauna durou mais ou menos umas duas horas, tempo esse que gastamos reclamando da vida, do ônibus, do sindicato dos eixos ou tentando ver filmes no vacilante sistema de TV do ônibus, que muito pouco faltava para aderir à nao funcionalidade dos seus companheiros.

Eis que chega a nossa carona. Um grande onibûs, com ar-condicionado, bancos largos e confortaveis e equipado com TV. Ou era o que eu imaginava enquanto corria para fora do nosso finado veiculo. Surpresa minha quando, no primeiro passo que dou para o exterior do ônibus, tropeco numa colt de um policial mexicano.

Tipo, mero policial. Desses de rua, gordos de nao fazerem nada. Ele tinha uma porra de uma metralhadora.

Costume por aqui. O México tem se tornado tao perigoso que ate mesmo os policias comuns ja se tornaram uma especie de Black Ops, andando encapuzados, armados ate os dentes, andando em pequenos Humvves americanos (leia-se  Humvves sucateados) equipados com metralhadoras portateis na fuselagem. Super normal por essas bandas.

E foi com esses camaradas que 31 brasileiros se apertaram num ônibus policial diminuto, com um ar-condicionado que mais parecia um cata-vento de crianca, bem longe das minhas expectativas primaria ao saltar desesperado do ônibus.

E foi com a porra de uma pequena submetralhadora escorada na minha costela – travada, imagino, mas carregada, enfim – que viajamos por mais ou menos a hora que restava até a area urbana de tampico. Se a ideia de uns tantos policias armados numa policia sabidamente corrupta resolverem se divertir com homens, outros ‘homens’ e mulheres brasileiros indefesos ja era incomoda, imagine entao quando meus colegas conseguiram convencer os policias a lhes darem as armas para brincarem um pouco de tirar fotos, tal qual favelados cariocas.

Este relato fica incompleto, dada a minha inabilidade com as palavras, com esse teclado, e com toda essa multidao brasileira que esta atras d emin, esperando para usar o computador, incapazes de viver mais de 0 minutos sem logar no orkut, como peixes que precisam de umr espirador num aquario.



Insonia
setembro 25, 2008, 9:01 am
Filed under: Uncategorized

Enquanto se prepara mais um dia de fedor intermitente no mercado do Ver-o-peso, com os pequenos barcos feitos de remendos em polvorosa com a ultima remessa de peixe fresco a ser preparado para o rigor dos clientes do dia, eu estou insone na lan house que o hotel disponibiliza para os hospedes. Cigarro e cafe em maos. 3:30 da manha.

Mas eu sei que o que me mantem acordado nao eh a nicotina, conjugada com a cafeina, estimulando os meus axonios a liberarem mais daquelas substancias que nos fazem (ou deviam) feliz. Nao poderia ser o alcool, que ja se evaporou do meu coprpo, pelos meus poros excretado, pelos meus orificios eliminado.

Eu poderia culpar a solidao, que como companheiro fiel, me faz uma ironica compania, dialoga comigo atravez de um sarcastico – porem expressivo – silencio, me lembra daquelas coisas que eu tento queimar com tabaco e alcool. Mas como podeira se-lo? O silencio eh de ouro – dizem – e o sono lhe pede a compania para o bom descanso e na cama solitaria se dorme melhor que naquela dividida ao meio por uma linha imaginaria do nojo reciproco ao outro, cujos centimetros do lencol compartilhado eh combatido a cada instante com furia sonambula. Nao, nao poderia se-lo, por mais presente que seja. Que eh.

Nos quartos acima de minha cabeca, onde a poucas horas o calor e o cheiro de alcool animava a conversa, o clamor e as acusacoes, dormem os sonos dos justos aqueles que a pouco deliberavam sobre as leis morais que regem a vida alheia. Lhe punham placas, atribuiam-lhes premios, titulos jocosos de cavalaria, tal qual fizeram antes para o velho dos moinhos europeu. O que ouvi, o que eu senti naqueles momentos… poderia essas coisas me tirar o sono? Fato esse tao normal em qualquer outro lugar se torna toxico, como catalisado pelas terras estrangeiras em que estamos? Seria como matar o peixe por chamar-lhe de ar o liquido em que nada.

Outra coisa me despeta. Que sera esse verme que nao cansa de girar a velha manivela dos pensamentos correntes, das compulsividades, dos vicios, dos medos… Me vejo sem cigarros, sinto o cafe chegar a temperatura ambiente. Penso vislumbrar um resquicio de sono perdido. Mas o que mantem rijo esses musculos, tensas as pernas e atento os nervos opticos continua a agir.

Mais um dia espera. O medo dele me desperta do quase sono.



Bebado
setembro 20, 2008, 7:15 am
Filed under: Turist Guy

Bebado no Mexico.

Nao e melhor que em qualquer lugar. Soh alguma neurosubstancia irrelevante que se sobrepoem a outras. Nada mais.

 

Muito sem graca



Chicas
setembro 17, 2008, 4:31 am
Filed under: Turist Guy

Nosso ensaio acabou de terminar e depois de algumas mijadas do nosso empresario, creio que eu possa bater um papo com a minha ridicula audiencia, se e que tal espectro de pessoas existe.

Hoje (ou ontem, pois ja perdi a nocao do tempo nesse pais que so escurece as 10 horas da noite) comentei com o berredo o quanto a proporcao de mulheres bonitas no mexico e inversamente proporcional a quantidade de pimenta nos pratos daqui. E basta dizer que aqui tudo e MUITO apimentado.

‘Ue, cara. Ai nao e a terra das meninas caliente?`. Vero. Havia me esquecido dessa pequena lenda urbana, esse rumor dissiminado por agentes mexicanos da propaganda facista: Que no Mexico, as mulheres sao lindas como as terras dos tropicais que as cercam.

Pura ilusao. Assim como nao acho um unico teclado com acentuacao decente no Mexico, nao consegui identificar uma unica mexicana que nao apresentasse o estereotipo de mulher-botijao de gas. E pode parecer forcado, mas esta observacao e bem ao pe da letra. Eu nao vi. Ponto.

E isso vale para o sexo masculino tambem. Os homens, por incrivel que pareca, segue o inacreditavel estereotipo dos desenhos do pica-pau da decada de 80. Altura mediana, com grandes bigodes recurvados e barrigas pronunciadas, sem falar no cowboy pride fashion. Azar das `mexiquitas` – sorte dos Brasileiros, que por mais feios que sejam (e sao) nao sairao do pais sem uma olhadela simpatica se uma pequena e rolica donzela local. O que nao e lah grande coisa, afinal.

Mas talvez o mais surpreendente nisso tudo – ou pelo menos foi o que me chamou atencao – foi uma ideia, um pensamento, ou melhor, uma possivel confirmacao de um outro mito que eu proprio nunca havia posto mais fe do que eu ponho em um monte de estrume: De que brasileira e mulher bonita mesmo.

E nada menos que 3 dias no mexico e um saldo de no maximo 2 garotas do tipo ‘va la, hein’ me fariam sequer cogitar em legitimar essa afirmacao que eu sempre atribui ao desespero nacional de querer achar algo que preste num pais decadente como o nosso. E talvez seja verdade, nos nao somos tao decadentes assim. Ou talvez eles que simplesmente sejam muito mais fodidos que nos. Who cares?

Entao, fikadica: Voce e feio, mas deu a sorte de nascer num pais com um caldeirao genico um pouco melhor, que lhe agraciou com algo alem de uma sede voraz por tortilhas e um idubtavel nariz indigena, va para o Mexico. Pois antes cego na terra dos feios que caolho no mundo dos belos.

Pelo menos nao veras em que terrenos estaras pisando.



Live From Mexico
setembro 16, 2008, 8:36 pm
Filed under: Turist Guy

O Dia da Independecia do Mexico, 15 de Setembro, nao comeca exatamente no momento da proclamacao da republica, mas sim quando a luta pela democracia e pela liberdade comecou, sendo ela o marco que comemoraram milhoes de mexicanos ontem.

E hoje, aqui na frente do hotel, ocorreu a parada militar, comum tambem no Brasil, quando naqueles domingos ensolarados vamos observar nossas caqueticas forcas militares desfilarem seus fuzis cobertos de po, gastos nao pelo uso, mas justamente pela ferrugem de uma nacao que nao se envove em brigas serias a muitos anos. Nao e diferente no Mexico, aparentemente.

Mas aqui pelo menos faz frio, o que significa que serei assaltado por meliantes que nao fedem ao suor do sol de meio dia num onibus decadente belenense. Assaltos esses que, longe de serem meramente hipoteticos, sao uma ameaca que constantemente rondam a nossa rotina aqui no Mexico, especialmente em Chihuahua, um estado ao norte da Cidade do Mexico, centro do narcotrafico nacional. Aqui, a inseguranca beira os niveis de alerta e a luta contra as drogas assumida pelo atual gestor do estado ja lhe rendeu ameacas de morte e um atentado racassado contra sua vida.

Porem, como acontece em nossas cidades natais mas nos (analogo a eles) nao nos permitimos ver, existe um lado bom. O clima (sempre o clima) e delicioso, de forma que a caustica sensacao de carregar quilos e quilos de quipamento de um lado para outro se torna uma leve lembranca do que seria em outros lugares. A Cidade do Mexico, apesar de toda a inseguranca (viaturas com sirenes ligadas voando pelas ruas da cidade eram uma constante), eh uma das cidades mais belas da america.

Neste momento estamos preparando as coisas para o primeiro ensaio geral e amanha tocaremos no fesival internacional de Chihuahua. Assim que o tempo me permitir e eu descobrir ondeestao os acentos desse teclado, retornarei para mais narrativas inocuas.